O universo feminino na ilustração

giselle zart
6 min readAug 7, 2019

Seminário e pesquisa para a disciplina de Técnicas de Ilustração Editorial
Pós-Graduação em Ilustração — Univali Campus Florianópolis
Professor: Clóvis Geyer
Acadêmicas: Andreia Corazzini e Giselle Zart
Julho/2016

Onde estão as ilustradoras?

“Entre os finalistas da HQmix de 2015, 13% das obras escolhidas eram produções exclusivamente femininas — 82% eram criações masculinas e os 5% restantes eram colaborações entre os dois sexos.”

Carolina Ito

“Infelizmente, há poucas mulheres na história dos quadrinhos. É uma realidade”. Esta foi a explicação de Franck Bondoux, diretor do Festival de Angoulême Internacional de Quadrinhos, para a ausência de mulheres na lista dos 30 indicados ao prêmio deste ano.

Na visão de Henry Giroux as identidades individuais e coletivas são amplamente moldadas, política e pedagogicamente através de discursos, incluindo a cultura visual através das mídias.

“Ilustradoras são apagadas da história só pelo fato de serem mulheres”

Ana Costa, proprietária da Gibiteria — São Paulo

Durante o século XIX, a arte parecia ser uma profissão exclusivamente masculina. Os interessados formavam-se na Academia Imperial de Belas Artes, onde adquiriam os conhecimentos necessários para se tornarem artistas e, posteriormente, viverem de suas classes e das encomendas oficiais e privadas que, vez por outra, aconteciam. As poucas mulheres que ousaram ingressar nesse sistema dominado pela academia eram julgadas por seus pares de modo pejorativo, como amadoras.

Século XX: Movimentos feministas x Mudanças

É nos anos 60 que o movimento feminista se fortalece: as mulheres reivindicam a liberdade sexual, a liberdade do próprio corpo e a liberdade de expressão. Surgem autoras discutindo o papel da mulher na sociedade, com destaque para o prestigiado “Segundo Sexo”, da filósofa francesa Simone de Beauvoir e “Um teto todo seu” da escritora, ensaísta e editora britânica Virgínia Woolf. Elas não são mais apenas donas de casa. Saem para trabalhar e, consequentemente, começam a reivindicar mais direitos.

Ilustração: Verônica Vilela.
https://www.hypeness.com.br/2016/03/artista-cria-serie-de-ilustracoes-para-mostrar-que-coisa-de-mulher-e-o-que-ela-quiser/
Artista: Kael Vitorelo

www.hypeness.com.br/2016/03/artista-cria-serie-de-ilustracoes-para-mostrar-que-coisa-de-mulher-e-o-que-ela-quiser/

Lu Caffagi

Quadrinista brasileira de Belo Horizonte. Começou a divulgar suas ilustrações na internet em 2009 e, desde então, trabalhou principalmente com material autoral independente. Ganhou o 26º Troféu HQ Mix na categoria “Novo talento (desenhista)” por seu trabalho na graphic novel Turma da Mônica — Laços.

Lu Cafaggi

“É muito importante que os quadrinhos discutam os assuntos femininos e feministas, assim como outras esferas culturais da nossa sociedade. Até hoje, só publiquei histórias a respeito de mulheres. Não é exatamente uma decisão política, é uma escolha natural mesmo. E eu, particularmente, acho as mulheres mais interessantes, e elas ficam mais bonitas no meu traço”. “

Artista: Lu Cafaggi

Características

Conteúdo: Ilustrativo, Expressivo, Simbólico, Estilizado.

Cores: em geral utiliza cores quentes e gama harmônica melódica.

Técnica: lápis de cor e giz pastel.

Julia Bax

É uma quadrinista e ilustradora brasileira que nasceu em Belém, Pará em 1981. Começou sua carreira nos quadrinhos nas revistas Kaos! e Quebra-Queixo Technorama, trabalhos que lhe garantiram, em 2006, o prêmio de “desenhista revelação” no Troféu HQ Mix. Continuou sua carreira no exterior, trabalhando para a Marvel Comics (onde trabalhou na revista X-Men: First Class), Boom Studios, Devil’s Due e Le Lombard, além de ilustrar livros e revistas para as maiores editoras do Brasil (Cia das Letras, Abril, Moderna, Saraiva, Rocco entre outras).

Julia Bax

“Esperam que eu escreva histórias fofas, e me esforço pra não me incomodar. Eu desenho coisas fofas e também coisas estranhas, depende do que dá vontade. Acho perfeitamente possível uma mulher desenhar ou escrever para um público masculino. Acontece pouco, mas acontece.”

Características:

Ilustrações manuais pictóricas

Conteúdo: Expressivo, Realista, Simbólico.

Técnica: aquarela ou goache.

Cores: em geral gama harmônica dissonante.

Paula Bonet

Paula Bonet

Paula Bonet (Villareal, 1980) é uma pintora e ilustradora espanhola. Estudou Belas Artes na Universidade Politécnica de Valência. Suas criações têm visto a luz em diferentes formatos: livros, jornais e revistas, hotéis, restaurantes ou cenário musical.

“Mi primer titular fue machista y en su día no lo denuncié. Lo pasé fatal. Me sentí agredida y culpable, como si hubiera hecho algo mal”. Em 2014 começou a trabalhar em seu livro La sed (Lunwerg), onde estão presentes grandes criadoras, como Camille Claudel o Sylvia Plath. “De ellas destaco la fuerza de su obra, la valentía y la necesidad de poner tabús sobre la mesa como Anne Sexton hablando de su locura, de sus intentos de suicidio o del hecho de parir y rechazar un hijo”.

Características:

Conteúdo: Realista, Expressivo

Técnica: lápis de cor, posca, aquarela e óleo

Cores: não há um padrão de gama, mas em geral utiliza cores primárias

Ilustrações manuais, poucas vezes digitais, mescladas com palavras.

“Apesar das lutas feministas dos anos 1970, artistas mulheres ainda sofrem com a falta de visibilidade, como mostra a baixa proporção de mulheres artistas nas coleções e publicações culturais”

Críticos, historiadores, especialistas e diretores de feiras de arte refletem sobre estas notáveis diferenças. Alguns consideram este debate superado e ancorado nos preconceitos culturais do passado, e apesar das qualidades das produções serem equiparadas, espera-se que ainda vai levar alguns anos para que os preços também sejam equivalentes.

“A atual efervescência de mulheres na cena da ilustração só se tornou realidade depois de muita luta feminista. A artista, entretanto, lembra que essa batalha específica ainda está no começo, e que muito esforço e união por parte das mulheres ainda são necessários.

Sirlanney Nogueira, ilustradora, quadrinista e criadora da HQ Magra ruim

[atualização]

Entrevista com a Paula Cruz, sobre a Editora Farpa e a participação feminina em eventos de quadrinhos.

REFERÊNCIAS DE PESQUISA

http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/filmes-infantis-perpetuam-estereotipos-sociais-e-de-genero

http://juliapetit.com.br/moda/a-primeira-ilustradora

http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/7620/1/20977757.pdf

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